quinta-feira, dezembro 03, 2009

O dia em que te esqueci

Talvez por força das circunstâncias comprei um livro da Margarida Rebelo Pinto, "O dia em que te esqueci", o qual li num ápice, se calhar porque estava desejosa de obter respostas de como se esquecer uma pessoa, como se fosse um cartão de memória que se retira e não deixa vestigíos, mas felizmente ou infelizmente não sou uma máquina e acabei por perceber quando acabei de ler o livro. Não existe um processo certo rápido indolor para esquecer alguém. É sempre algo moroso, que não acontece do dia para a noite. Ainda por cima somos invadidos por canções sobre Amor, filmes cujo tema é o Amor, para onde quer que me vire lá andam os corações por todo o lado a relembrarem-me que o meu anda em cacos em franca tentativa de recuperação. Mas sem dúvida que o livro toca muitos pontos interessantes, que se um não quer dois não dançam, que o amar não deve ser uma coisa dolorosa mas algo agradável, que deve ser vivido a dois é um caminho que vai sendo construido não uma meta, que o medo coloca as pessoas em labirintos com medo da liberdade de se entregarem. No entanto, acho que as mensagens mais importantes que retive do livro é que para se esquecer alguém ou pelo menos aquilo que essa pessoa representa para nós temos que querer esquecê-la para o conseguir e não apenas esforçarmo-nos para, porque não vale a pena lutar, nem fazer força para que isso aconteça, só vai piorar e tornar-se uma frustração por não o conseguirmos, porque quando menos esperamos essa pessoa deixa de ter todo aquele significado que lhe damos porque é substituida por outra.
Ainda não consegui chegar a essa fase a da substituição e em que apenas as boas recordações ficam, até porque não existem más recordações, talvez esse seja o problema. Até porque não sei se quero esquecer, sei o que quero, pelo menos na minha cabeça as coisas estão bem definidas, no coração as coisas vão alinhando-se ao seu ritmo, a cada novo golpe ele vai seguindo um novo caminho.
Quero muito conseguir ser só sua amiga, por tudo o que passamos e vivemos, por pouco que tenha sido para mim valeu cada momento. Havia dias em que a dor era tão grande por estupidez acho que cheguei a desejar que nada tivesse acontecido, que tinha sido tudo um erro, mas nada disso, se nada tivesse acontecido eu ainda andava na mesma pasmaceira. Pelo menos agora sei que se as coisas correram mal a culpa não foi minha, eu sempre gostei/amei- de ti e dei o meu melhor, sei disso, tiveste o melhor de mim, nunca me dei a ninguém como me dei a ti, nunca ninguém soube tanto sobre mim como tu, no entanto, as coisas não deram certo, deixa-me triste, mas já me habituei a viver com essa tristeza, ou pelo menos habituei-me a lidar com ela. Se não podes lutar contra a corrente deixa-te levar por ela, acho que é isso que ando a fazer mas sempre estabelecendo os meus limites para não ser novamente magoada.
Sei melhor do que antes o que quero e o que não quero mesmo. Muitas vezes tenho diálogos contigo na minha cabeça, mas respostas não surgem, talvez já não as precise. Quando penso que estou no caminho da cura eis que tenho uma nova recaida, não sei porque tenho sempre a sensação que a história não fica por aqui, que o destino está sempre a colocar-te no meu caminho, talvez sejam coisas da minha cabeça, talvez também seja eu que te quero colocar no meu caminho, de tanta vontade e querer imagino que possa acontecer um "milagre". Se calhar é esta maldita coisa a que se chama esperança e que não há forma de a matar de vez, por mais patadas que levemos. Há quem lhe chame também sexto sentido, será? Quando uma pessoa se apaixona pela outra a razão muitas vezes é destorcida pelo coração e imaginamos coisas que não são bem a realidade, vivemos na ilusão. Quando escrevo neste blog sinto que me estou a libertar de alguma coisa que me perturba é como se deixa-se uma parte de mim nestas linhas, não sei se quero continuar a falar deste assunto com alguém porque acho que já ninguem me atura e acham que ando a tomar as decisões mais erradas em manter contacto contigo. Mas o que é que eu posso fazer se apesar de me trazeres tristeza, me fazes bem, ainda mexes com todas as minhas células, por isso o minimo contacto deixa-me desiquilibrada emocionalmente. É como se vive-se entre o mel o o fel, o doce e o amargo, faz-me mal mas quero mais. As tuas reacções deixam-me confusa, apesar de não o querer admitir, vou dando-te desconto porque acho que não andas bem, apesar de não o admitires e cada vez que estamos juntos fico sempre com a sensação que me queres contar o que se passa na tua cabeça mas nunca o fazes.
Tenho tanto medo de ser magoada novamente que quando estou contigo falo que nem um desalmada e conto-te tudo, às vezes chego a pensar que gostava de te ver também ferido e magoado. Mas depois penso que eu sentiria-me pior. Gostava que tivesses na minha pele, que sentisses o que eu sinto, como se alguém de repente vira-se o teu mundo às avessas, se calhar já tiveste esse gosto amargo da coisa, mas não comigo.
Não tem sido fácil lidar com isto tudo e apesar de já terem passado 2 meses, e de a vida me ter dado provas que muita coisa se alterou, principalmente a minha forma de ver as coisas, e apesar de ter negado que já não gostava de ti, a verdade é que ainda gosto, mas já não te quero para mim, porque neste momento tu não és a pessoa ideal nem o que eu preciso. Também nem sei muito bem, porque me preocupo com o facto de teres acabaste comigo, não me amavas, sendo assim nunca o vais voltar a fazer. Não quero fantasiar mais as coisas, nem viver um amor platónico, quero ter o que nós tinhamos, se não for contigo há-de ser com alguém. Porque quando gostamos vivemos no mundo da fantasia e vemos as coisas mas apenas aquelas que me interessam, aquelas que nos são agradáveis, tudo aquilo que nos pode fazer mal ignoramos, mesmo quando as evidências saltam à vista de todos.
Houve uma coisa que eu percebi, que quando namoravamos eu não pensava muito no passo a seguir que iamos dar deixa as coisas andarem ao seu ritmo, que diga-se de passagem foi meio acelarado. Agora não penso muito no passo a seguir e decisões que tenho tomado para os caminhos que quero seguir, a primeira delas e talvez a mais importante foi decidir se fechava o capítulo ou permanecia por perto, foi talvez a mais dificil de todas, foi como cortar o mal pela raiz pelos vistos não deu muito certo, mas serviu para ver que tu neste momento não és uma pessoa disponivel e que tens muita coisa para resolver dentro de ti, por isso por mais que eu lutasse por ti, muito provavelmente seria uma luta em vão, porque não se pode obrigar ninguém a amar outra pessoa, além disso a outra pessoa tem que estar disponível para amar e tu não estás.
Com isto tudo pelo menos reforcei a minha amizade com muitos dos meus amigos, que se preocupam mesmo comigo e que fazem tudo para que eu não me vá abaixo, que tentam elevar o meu ego quando a auto-estima está de rastos, eu sempre disse que eles são o meu maior tesouro e é a pura verdade. Sem eles ainda estaria no fundo do poço, assim tenho vido a minha vida sem estar dependente de quem quer que seja, sempre à espera que encontre alguém no meu caminho que me faça inteiramente feliz.
Talvez hoje esteja em dia não dai estar a escrever tudo isto. Acho que também é para ver se alivia um pouco a minha mente, sei que tenho guardado a tristeza toda para mim, que faço de tudo para não estar triste e isso só faz com que ela seja ainda maior. Tem vezes que e sinto mesmo perdida e ai pego em mim e procuro quem me dê na cabeça e me faça ver as coisas da forma que são, que mereço muito mais e eu sei disso, mas as palavras às vezes são ocas entram por um ouvido e saem por outro, como se houvesse um filtro na minha cabeça que ignora-se todos os avisos, que diz tenho que ver por mim própria, tenho que ser eu a chegar lá sozinha. O pior cego é aquele que não quer ver.
A cabeça está arrumada como disse, à que separar as águas, amizade é amizade, amor é amor, mas muitas vezes a fronteira é mais ténue do que se imagina, já por várias vezes as confundi. Mas há que distinguir 2 coisas uma coisa é o que sinto e ai não há dúvidas amor outra completamente diferente é o que quero amizade, só há que saber não as misturar para não dar uma salada de frutas. Será que é possível?

Sem comentários: